Velho amigo
#93 Ontem à noite, insone, remexendo em gavetas da alma, recebi a visita do silêncio.
Brasil Onírico, 6 de maio de 2022.
Se Salvador Dalí fosse daqui, não precisaria ir a Paris para fazer contrastes entre a racionalidade francesa e a exuberância mística espanhola. Aqui, em se plantando, tudo dá. Teria tudo em casa e repetiria, falando de sua nova morada:
– Nossa beleza não é senão a soma de consciência de nossas perversões.
Entre pintores e países surreais, goles, beijos e queijos, boa leitura e bom fim de semana.
VELHO AMIGO
Ontem à noite, insone, remexendo em gavetas da alma, recebi a visita do silêncio.
Velho amigo, sábio, normalmente é ele quem escuta. Ontem, cansado da vida, chateado, larguei as lembranças, fechei as gavetas e pedi para ele falar.
Contou de tempos difíceis, discorreu sobre intolerâncias, discursou sobre arbítrios e, quando esfreguei os olhos, já manhãzinha, cumprimentando o sol que chegava, foi embora, falando de esperança e liberdades.
Depois, pensativo, recolhi as lembranças, enxuguei uma lágrima, fechei as cortinas e fui dormir.
Vitor Bertini
TEXTOS RESERVADOS*
O jardim da nossa casa é consequência do número de horas que nosso filho fica fechado em seu quarto e das freiras e seus chapéus.
– Chapéu de freira, Vitor Bertini
*reservado no sentido culinário do termo.
Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.
– Tom Jobim
Tudo ficção, sem reclames;
Sem ficção: estas histórias vão virar um livro. Sugestões?
Livro já publicado do locutor que vos fala: Não me abandone - a saga de Bénya Krik, um cão de rua, contada pela família que ele adotou. Já leu?
É uma grande Sensibilidade (Arte) escrever pouco (Velho Amigo) e referir-se a um Universo de coisas (Vida). Parabéns.