Regando a Vida
#42 Abri a janela, e o vento, velho rabugento, espalhou folhas pelo chão.
Olá.
Hoje é sexta-feira, dia 14 de maio do ano de 2021.
O diálogo a seguir aconteceu no metrô de SP - eu ouvi:
– Sim, mas você tem que levar em consideração a condição humana.
– Sério? Mas aí você já está radicalizando.
Cartas para a redação.
Entre um espanto, uma flor, uma página e um bj, boa leitura e bom fim de semana.
REGANDO A VIDA
Na janela do meu estúdio, quem diria, mora uma flor. Discreta, me assiste trabalhar.
Ontem, triste de dar dó, olhando sem ver, notei seu galho seco, e comecei a sonhar.
Abri a janela, e o vento, velho rabugento, espalhou folhas pelo chão.
Reparei no vaso, pelo acaso, a vida teimosa. Na terra dura, rachada, o broto e o texto nascendo:
“E Deus fez as flores, ainda sem nomes, no terceiro dia da criação”.
– Essa é uma begônia. Valente. Tadinha, seca de dar pena. Parece a gente.
Constrangido, reguei a plantinha. Pouco depois, fui embora. Fui pra casa, fui deitar.
Hoje, alegre de só ver, trouxe um pequeno regador. A vida, na janela, tem o rosa da minha flor.
Vitor Bertini
Lembrou de alguém? Compartilhe:
Também quero! Inscreva-se:
As ilustrações desta página são todas de domínio público e disponíveis na web;
Notícia. Esta é uma publicação de ficção. Todos os personagens e suas circunstâncias são ficcionais. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.