Olá.
Hoje é sexta-feira e, como em todos os outros dias, se você girar sobre seu próprio corpo, a velocidade aumenta se você fechar os braços.
Entre uma frase, uma página, um gole e um bj, boa leitura e bom fim de semana.
PALCO
Júlia pula, corre e rodopia.
– Esta menina não se entrega.
– Filha, agora para.
Júlia ouve e não sossega.
– Mãe? Não enxerga.
– Minha filha, hora da cama!
Júlia acorda, sorri, pula, corre e rodopia.
– Mostra os desenhos, vai que acalma.
– Filha, olha que lindos!
Júlia olha, diz que sim - e não para.
– Na escola vai acalmar-se.
– Tomara!
Do uniforme, Júlia adora a saia.
– Moleca, dá um abraço, vem.
Júlia abre os braços, corre e se deixa abraçar. Elevada por mãos fortes, na entrada da sala de aula, sente a vida rodar.
– Você vai gostar.
Crianças. Crianças:
– Quem é a Juju-Corre-e-Gira? Quem seria? Quem seria?
Júlia não senta. Não consegue acompanhar.
– Chamaram no colégio, querem falar.
O Conselho de Classe foi unânime:
– Procure ajuda.
– Vou procurar. Talvez eu não quisesse enxergar.
Fim da consulta. Na sala de espera, Júlia sorri e foge da rima.
– O que ela tem doutor? O que não enxerguei na minha menina?
– Nada grave. Ela é bailarina.
Vitor Bertini
Lembrou de alguém?
Gostaria de receber também?
A história de hoje é uma ficção inspirada na vida da bailarina e coreógrafa inglesa (Cats e Fantasma da Ópera), Gillian Lynne;
As ilustrações desta página são todas de domínio público e disponíveis na web;
Filha do Millor, a frase “livre pensar é só pensar”, começa a ganhar linhas no meu canto no Twitter: @vitorbertini - you are welcome;
Sexta-feira, dia 16, tem mais.