Freada de arrumação
#119 Sem os algoritmos das redes sociais, sem publicidade e sem interesses editoriais de terceiros.
Boa Esperança, 4 de novembro de 2022.
FREADA DE ARRUMAÇÃO
Desde setembro de 2020, toda santa sexta-feira, inclusive as Santas, um punhado de leitores recebe uma história ou textos que eu tenha cometido.
Hoje – e não deixa de ser mais uma história –, quero fazer uma freada de arrumação. Quero contar um pouco sobre os propósitos da plataforma que utilizo e, na medida do possível, esclarecer sobre os diferentes caminhos das histórias do Bertini. Vamos lá?
A tal plataforma chama-se Substack e sua proposta é oferecer um novo modelo de distribuir conteúdos: a relação direta entre o escritor e seu público – sem os algoritmos das redes sociais, sem publicidade e sem interesses editoriais de terceiros. Esse é o ponto.
Assim, aqui vão as formas de acessar as histórias e os os cautelosos passos de independência (inclusive financeira) das histórias do Bertini:
Uma vez inscrito, você tem três formas de ler os textos:
No email encaminhado todas as sextas;
Na página https://bertini.substack.com/
No aplicativo - baixar na loja de aplicativos de seu celular;
As histórias são de leitura gratuita. Entretanto, desde o início de outubro p.p. existe uma área de assinantes com conteúdo exclusivo;
As assinaturas são efetuadas na própria página e são o único suporte para o mantenimento das histórias;
Por fim, um esclarecimento: as histórias aqui veiculadas serão a base do livro físico A história da sexta. O projeto do livro é independente da plataforma Substack e tem um financiamento coletivo em aberto, aguardando os homens e mulheres de boa vontade. Sejam todos bem-vindos. Por outra ação independente, os participantes do financiamento ganham uma assinatura do Substack pelo período de um ano.
Era isso.
Vitor Bertini
A título de exemplo e propaganda (e atendendo amável pergunta de uma leitora), seguem os textos da área de assinantes da sexta-feira passada, dia 28 de outubro:
Agora que as visitas foram embora, deixa eu contar uma coisa.
Jânio Quadros, o ex-presidente do Brasil, era um homen conhecido pela sua verve e algum histrionismo.
Conto a história como a ouvi.
Em uma palestra para estudantes, na USP – Universidade de São Paulo –, na hora das perguntas, um aluno pede a palavra:
– Ô Jânio, eu queria saber… – começa, só para ser interrompido.
– Senhor estudante, senhor estudante! – Diz o palestrante, enquanto retoca a franja que lhe caíra na testa. – A intimidade entre duas pessoas traz aborrecimentos e filhos. Como não pretendo ter nenhum dos dois com o senhor, por favor, chame-me de senhor.
Contada a história, esclareço, por devido compromisso junto à memória do ex-presidente, que os textos nessa área de assinantes são mais relaxados, nunca íntimos.
Gosto de ilustrações mas, se me derem um lápis e um copo, não consigo desenhar um “o”.
Na busca da ilustração para a edição de hoje, procurei o desenho de um palhaço. Fiquei impressionado com a quantidade de ilustrações que mostram palhaços assustadores, na linha Joker.
Um dia escrevi algo como “mais assustador do que topar com um palhaço no escuro”. Acho que vou escrever uma história.
Todo divertimento consiste num movimento diferente que se recebe no órgão do sentido. O prazer nasce daquela diversidade de movimento, como o tédio de sua continuação. Assim, alguém que deseje dar um prazer que ultrapasse as três horas esteja certo de provocar tédio.
– Giammaria Ortes, em Por que ler os clássicos, Ítalo Calvino
Para quem não se sensibilizou com todo esse papo aí de cima, mas acha que essas Histórias valem um café por mês, aqui vai o botão para tornar isso realidade. Obrigado.