Ilustrações por Georges Barbier, 14 de novembro de 2025
CINCO IRMÃS
Afastadas pela vida, reunidas pelos cuidados com a saúde da mãe, as irmãs acertaram um pacto de convivência: nenhum assunto polêmico, nenhuma discussão.
Nenhuma referência a ex-maridos, nenhum diagnóstico emocional, escolha de receitas, preferência por ginecologistas ou educação dos filhos. Peso e política? Nem na troca de olhares.
Ajudadas pela preocupação e pela unanimidade na memória do pai recém-falecido, o silêncio só foi cedendo espaço para eventuais amenidades na transição da UTI para o quarto. No dia seguinte à alta, o inevitável happy hour.
Pontuais por tradição familiar, educadas de berço, os gestos comedidos e as primeiras amenidades cederam terreno, rapidamente, ao silêncio pactuado.
Quando o acordo de paz começava a apontar o caminho da discórdia e as respirações pareciam virar assunto, é que apareceu o primeiro riso contido.
Da contenção humorada ao surto de risadas coletivas, o alvoroço suficiente para afastar o garçom que trazia a primeira rodada.
Depois, ainda em meio a gargalhadas, já de mãos dadas sobre a mesa, a comunhão das irmãs:
— Aí é que está a beleza da coisa!
Lembrou de alguém?
Clique, ajude a pedalar — e aprecie a viagem! A eternidade começa na segunda volta.
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