Biscoitos de canela
#233 Amanda, desde sempre, visitava toda a família no dia de Natal. Começava cedo e fazia o roteiro a pé.
Porto Alegre, 27 de dezembro de 2024
BISCOITOS DE CANELA
Amanda, desde sempre, visitava toda a família no dia de Natal. Começava cedo e fazia o roteiro a pé.
Na casa de uns distribuía conselhos, na de outros, sorrisos. Na chegada da noite, rezava. Às vezes cantava. Na última das casas, vestia-se de Papai Noel, distribuía os presentes que estavam sob a árvore e repartia seus famosos biscoitos de canela.
Um dia, sem seus óculos, já vestida de vermelho, entrou em uma casa errada.
Apressada, ignorou a discussão e os gritos que ecoavam na vizinhança, pediu silêncio, saudou quem não chamava-se Ênio, riu quando todos riram, foi à árvore, pediu auxílio na leitura para a suposta Iolanda, começou a chamar em voz alta os nomes nas etiquetas e distribuiu os presentes.
Depois, cantou, convidou todos a rezarem, aceitou um pedaço de torta e repartiu seus biscoitos.
Na saída, já com seus óculos e guiada pelo involuntário anfitrião, despediu-se:
— Espero ter ajudado.
De volta à rota da família, realmente atrasada para a última visita, desculpou-se pelo horário e pela falta dos confeitos de canela:
— Tem gente que precisava mais.
Vitor Bertini
2024
1º diálogo desta história: — Espero ter ajudado.
2º diálogo desta história: — Tem gente que precisava mais.
2025
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