A Estranha Carta Que Recebi
#47 ... a única coisa boa eram as alças de ferro do “diabo do baú”.
Olá.
– Hoje, é sexta.
– Emoji com mãozinhas espalmadas.
– Sugestão para o fim de semana?
– Contos, por Anton Tchekhov - um autor espetacular.
– Preço?
– Metade de uma pizza.
– Algo mais?
– Leia com vinho tinto.
Entre um sorriso, uma decisão, páginas, goles e um bj, boa leitura e bom fim de semana.
Ah… comparte ahora:
A ESTRANHA CARTA QUE RECEBI
A carta:
Olá, Bertini.
O conteúdo desta carta não é nada muito importante. É apenas uma curiosidade e eu gostaria de poder contá-la pessoalmente. Mas, como a vida é corrida, segue breve relato.
Minha família tinha uma tia-avó que morava em Capela de Santana, lá no Rio Grande do Sul. Seu nome era Elza, Tia Elza.
Tia Elza ocupou seus últimos meses de vida distribuindo bens de pouco valor material, coisinhas pessoais e conselhos.
– Para cada um, de acordo com cada um – dizia ela, levantando o indicador e as sobrancelhas.
Do padre paroquial ao parente mais distante, todos foram contemplados.
Minha mãe, sobrinha dedicada, recebeu um baú de madeira cheio de lembranças pessoais. Quando perguntada sobre o conteúdo, dizia que o baú estava cheio de papel velho e miçangas, e que a única coisa boa eram as alças de ferro do “diabo do baú”.
Como você pode imaginar, dia desses, sem ter o que fazer de mais útil na vida, resolvi remexer no legado da Tia Elza. As ditas miçangas, velhos recortes de jornal, envelopes de correspondência pessoal, bichinhos de louça e alguns passadores de cabelo constituem a maior parte da herança. Em cima de tudo, com uma letra caprichada em um fino papel de carta, a frase: “Para cada um, de acordo com cada um”.
Nossa pauta começa quando, ao passar os olhos em um dos recortes de jornal me deparei com um anúncio fúnebre: “Convite para as exéquias de Vitor Bertini”. Simplesmente sorri pela coincidência.
Alguns centímetros a mais de exercício arqueológico e outro recorte aparece, esse conservando o nome da “Gazeta da Ilha do Rio dos Sinos” e com um anúncio de quarto de página dando conta do cancelamento do funeral, seguido da frase “Quem encontrar o Sr. Vitor Fernando Bertini é favor avisá-lo da existência de um envelope pessoal em poder do Sr. Irineu, na Farmácia Estrela.” O anúncio é assinado por Elza Waalls - a Tia Elza!
Imediatamente voltei ao primeiro anúncio, agora com olhos de ler. Abaixo do nome diz que o tal Vitor é engenheiro eletricista, escritor e ex-socialista! A coincidência virou um arrepio.
Ainda meio incrédula e de olhar parado fui surpreendida pelo que me parecia impossível:
- Bertini, o envelope está aqui! Endereçado para o Sr. V.F.B. e está fechado.
Você quer o envelope? Posso abri-lo?
Beijo. Saudades.
C.Z.F.
Lembrou de alguém? Clica aí:
Comentários?
Texto publicado originalmente na página Vitor Bertini do Face, em 27 de dezembro de 2017;
Por aqui, tudo é ficção. Lá fora, sei não;
Sexta-feira, dia 25, tem mais.
A Estranha Carta Que Recebi
Gostei do texto e do conteúdo surpreendente! Lembrei, é claro do Irineu. Um abraço Bertini